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PROJETO TRÊS POR DEZ 

Eles estão por todos os lados: espalhados pelas calçadas da cidade, em portas de faculdades, casas de shows e até mesmo dentro dos vagões de trens e metrô. Por todos os cantos, ali estão eles, os vendedores ambulantes. Tem de tudo: carregador de celular, comida, bebida, protetores de documentos e alguns até investem na própria arte. Se destacar entre as dezenas de concorrentes é uma tarefa difícil para esses trabalhadores que se submetem a ilegalidade para conseguir o próprio dinheiro.

 

Fillipe, ou Fillipe Moderno como é conhecido pelas capitais onde passa vendendo seu trabalho, é natural de Goiânia e no momento vive no interior de São Paulo, em Arujá, com uma família que, como ele mesmo diz, o acolheu. Com 31 anos, o artesão “moderno” aceita todos os cartões com as novas maquininhas do mercado, utiliza o Instagram como meio para divulgar sua arte, tira fotos com os clientes e posta, faz pesquisas online para o consumidor decidir o melhor preço do produto e ao mesmo tempo conquista com muita simplicidade, carisma e sinceridade.

Com a Carteira Nacional do Trabalhador Manual, incluso no Programa do Artesanato Brasileiro, Hadoll Fillipe Ferreira Araujo fala de sua luta diária para vencer os obstáculos da rua e de sua organização pessoal com as economias para nunca passar fome e conseguir fazer suas viagens nas datas corretas. Enquanto conversamos, Fillipe, sempre positivo e alegre, aborda as pessoas convidando as para conhecer seu trabalho normalmente oferecendo uma pequena lembrança, na esperança de arrancar no mínimo um sorriso, um abraço ou até um produto.

Apesar da alegria contagiante, o artesão goianiense carrega consigo a batalha diária em relação a saúde. Durante a luta contra um câncer e algumas complicações na região abdominal há alguns anos atrás, Fillipe recebeu um diagnóstico errado, de que faleceria em pouco tempo. Por conta do erro, ele tem total suporte do hospital e equipe médica até os dias de hoje. Tomando diversos comprimidos no dia, fornecidos pelo mesmo hospital, mantém uma rotina muito organizada e sistemática que o ajudam a seguir viajando e vivendo a vida do jeito que mais gosta.

Após uma temporada em Salvador, Hadoll voltou para São Paulo renovado com as energias da Bahia e novos ensinamentos. Além de vender a arte por lá, também trouxe consigo algumas pedras lavadas pessoalmente na Praia do Forte para as pessoas que o ajudaram durante toda a caminhada. Felizmente fui digno de escolher minha própria pedra do Cristal, que serve para iluminar e fornecer ideias positivas. Após mais de quarenta e cinco minutos de conversa, Fillipe pede para que eu escolha algo e dessa forma o almoço dele estaria garantido.

Com projetos futuros, o artesão pretende comparecer nos festivais como o LollaPaloza (já esteve este ano), Rock'n Rio e outros onde possa e consiga vender seus produtos. Também pretende conhecer uma tribo indígena no interior do Mato Grosso do Sul com o intuito de adquirir novas experiências, aprendizados e uma "permissão" para vender produtos provenientes de animais silvestres, como dentes e bicos. O aluno da Faculdade Rua (como ele mesmo intitula), precisa sempre estar em busca de novas vivências e faz isso da maneira mais natural possível. Vivendo. (Por: Yuri Pedro)

Filipe Moderno

O Livreiro

Nem tudo são flores. Não pra eles, os vendedores de rua. São flores, cabos de celulares, salgadinhos, chocolates, uma água para hidratar no calor, aquele filme que estreou no cinema semana passada, suas próprias artes, livros e vinis. Isso mesmo, livros e vinis.

Uma multa caríssima mudou os planos e rumo de José*. Puxei assunto com ele depois de sua abordagem oferecendo um vinil do Beatles. O rapaz de 22 anos contou que vendia livros e vinis pela internet até ter sua conta do correio bloqueada. Teve que se reinventar, precisou achar uma forma de sobreviver, ganhar seu ganha pão. Desde então, a incerteza faz parte da rotina do rapaz. José atravessa São Paulo para vender seus produtos na Avenida Paulista. São dezenove estações de metrô para chegar na avenida mais movimentada de São Paulo. Trabalhando de forma irregular, vive sob o risco constante de ter as mercadorias apreendidas. Ele só quer acordar todos os dias às cinco horas da manhã para vender seus produtos sem sentir medo.

— Eu estou estimulando a cultura, não tô fazendo nada de errado, mas os caras chegam e tomam tudo mesmo assim. Tô trabalhando, não tô roubando. Agora se os caras forem tirar o meu ganha pão, então eu vou roubar e matar.

Assim como outras milhares de pessoas que dependem da prática ilegal para conseguir dinheiro de forma honesta, José sonha com a regulamentação da prática.

— Não tem carteirinha de livreiro. Se tivesse como fazer, eu já tinha feito. Mas eles não dão opção pra mim, entendeu?

Não só entendi como mudei depois desse encontro. É preciso dar visibilidade a essas histórias e trajetórias. *José  é um nome fictício. (Por: Amanda Alves)

Francisco Caninde

"Cada rolha dessa tem uma história, tem uma alma." - Francisco Caninde

VENDEDORES DE RUA

© 2017 por Projeto Três Por Dez Orgulhosamente criado com Wix.com

Esse foi um trabalho realizado por Amanda Alves, Ana Luísa Thibes, Cibele Carla, Felipe Madrid e Yuri Pedro da sala 4J12 para disciplina de Hipertexto e Hipermídia da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

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